Alerta: Pfizer quer criar supervírus mutante da Covid-19?

Por Ruben Rosenthal

É necessário ter muito controle, para se certificar de que este vírus mutante simplesmente não se espalhe por todos os lugares.

Testes de inoculação em cobaias humanas com o vírus Sars-CoV2 ativo
O uso de manipulação genética pela Pfizer no desenvolvimento de vacinas contra novas variantes do vírus SARS-CoV-2  gera fortes controvérsias \ Foto: Sigrid Gombert/Getty Images

A farmacêutica Pfizer está planejando conduzir experimentos de manipulação genética no vírus SARS-CoV-2. Uma gravação de vídeo foi obtida de forma oculta por um jornalista disfarçado, ligado ao Projeto Veritas. Em certo momento, o Diretor de Operações Estratégicas em Pesquisa e Desenvolvimento da empresa, Jordan Tristan Walker, declarou que a razão para a Pfizer querer promover a mutação do vírus é para poder ficar na dianteira, na disputa do desenvolvimento de vacinas para a Covid-19.

O Projeto Veritas consiste de um grupo estadunidense de extrema-direita, fundado em 2010 pelo ativista político James O’Keefe, e que propaga desinformação e teorias conspiratórias, inclusive através de manipulação na edição de vídeos. No atual caso, a Veritas recorreu uma vez mais ao seu modus operandis, mas seria necessário se ter acesso ao vídeo completo, para confirmar se ocorreu ou não qualquer deturpação nas falas da pessoa, que é tudo indica ser de fato um alto executivo da Pfizer.

Sem se dar conta de que estava sendo gravado o tempo todo durante o animado papo em mesa de bar, Walker fez declarações altamente controversas sobre experimentos de manipulação genética que a Pfizer pretenderia conduzir. Algumas das declarações parecem sugerir que tais experimentos já estariam sendo realizados, embora em outras ele tenha afirmado que ocorreram apenas discussões sobre o assunto. O executivo se mostrava bastante animado durante a conversa, até mesmo eufórico, parecendo já ter ingerido uma boa dosagem de álcool.

Em dado momento, James O’ Keefe entrou em cena para confrontar Walker sobre suas declarações, de que a Pfizer quer esconder do público que está pretendendo fazer experimentos de mutação genética. De início, Walker alegou que contara mentiras “para tentar impressionar a pessoa (com quem conversava) no encontro (o jornalista disfarçado)”. No entanto, em dado momento, ele tentou destruir o iPad pertencente ao Veritas e desferiu socos no jornalista (ver vídeo). As cenas impressionam. Não me parece que tudo tenha sido  um grande teatro, montado para criar e divulgar Fake News.

As polêmicas declarações

Seguem-se algumas das declarações de Walker que constam da gravação.

-“Bem, uma das coisas que estamos explorando é porque não fazemos, nós mesmos, as mutações, de forma a que possamos preventivamente desenvolver novas vacinas”….Se fizermos aquilo, vai existir um risco. Como você pode imaginar, ninguém quer empresas farmacêuticas fazendo mutações em vírus filhos da p***.”

– “Bem, não vamos dizer isso ao público”, declarou Walker, quando instado pelo jornalista disfarçado a falar mais sobre o plano da farmacêutica para fazer a mutação do vírus. “Não conte a ninguém. Prometa que você não vai contar a ninguém. O modo como funcionaria é colocarmos o vírus em macacos e, sucessivamente, fazer com que eles continuem se infectando uns aos outros, e (então) coletamos amostras deles.”

-“É preciso ter muito controle para se certificar de que este vírus mutante simplesmente não se espalhe por todos os lugares. Para ser honesto, suspeito que foi desta forma que o vírus começou em Wuhan.”

-“Definitivamente, não se trata de (pesquisa de) ganho de função*”. Esta foi a resposta de Walker, ao ser questionado sobre o assunto pelo “jornalista”, que não se deu por satisfeito e voltou a insistir no tema.

“Bem, não se deve fazer pesquisas de ganho de função com vírus. Eles preferem que não façamos, mas nós fazemos mutações de estruturas selecionadas, para ver se conseguimos torná-las mais potentes. Há pesquisas em andamento sobre isso. Não sei como isso vai funcionar. É melhor que não ocorram mais surtos, porque….Jesus Cristo!”

“Bem, eles ainda estão conduzindo os experimentos, mas pelo que eu ouvi, eles estão otimizando, mas estão indo devagar porque todos são muito cautelosos. Obviamente, (os pesquisadores) não querem acelerar muito. Eu acho que também estão apenas tentando fazer isso como algo exploratório, porque você obviamente não quer anunciar que se está antecipando mutações futuras”. Esta foi a resposta de Walker ao ser questionado como estava sendo desenvolvido no geral, o processo de mutação do vírus.

Jordan Walker também disse que a Pfizer tem sido uma porta giratória para os funcionários do governo que estão encarregados de regular os medicamentos, acrescentando: “eles não vão ser rígidos com a farmacêutica onde irão (mais tarde) conseguir emprego”, confessou.

Comunicado da Pfizer

A Pfizer emitiu um comunicado na noite do dia 27, em que afirma que a empresa “não realizou pesquisa de ganho de função ou de evolução”. A empresa afirma que o trabalho de pesquisa que é conduzido visa avaliar rapidamente a capacidade de uma vacina existente de induzir anticorpos que neutralizem uma variante que possa causar preocupação.

A Pfizer declarou também que “vale a pena observar que o Projeto Veritas, embora afirme conduzir jornalismo investigativo, tem uma longa história de recorrer a táticas eticamente duvidosas e editar vídeos de forma enganosa, para se encaixar em uma narrativa conservadora”.

Concluindo

A Pfizer já teve sua credibilidade comprometida em ocasiões anteriores, como no caso das denúncias feitas pelos Médicos Sem Fronteiras, de que a empresa estava enganando o público com anúncios publicitários falsos. Outra polêmica surgiu a partir da denúncia contida em artigo publicado no conceituado British Medical Journal, em 2 de novembro de 2021, de que teriam sido cometidas várias irregularidades nos procedimentos adotados para verificar a eficácia e a segurança da vacina contra a Covid-19 produzida pela Pfizer. Os testes haviam sido conduzidos por uma empresa subcontratada, Ventavia Research Group.

No caso das revelações atuais, analistas mais cautelosos ressaltaram que gostariam de ter acesso à gravação completa, e não apenas à versão editada do vídeo, liberada em 26 de janeiro pela Veritas. Espera-se que os fatos sejam esclarecidos, e que a grande influência que a Pfizer tem nos meios de comunicação não seja um empecilho para tanto.

Nota:

*A pesquisa por ganho de função envolve manipulação genética, de forma a aumentar as funções biológicas dos produtos genéticos. Tal pesquisa é conduzida com a expectativa de se desenvolver vacinas antes do surgimento de um novo vírus ou variante, mas sempre existe o risco de acidentes com patógenos aprimorados que possam causar ampla disseminação do vírus.

Ruben Rosenthal é professor aposentado da UENF, responsável pelo blogue Chacoalhando e pelo programa de entrevistas Agenda Mundo, no canal da TV GGN.

Pfizer: Verdades e mentiras da vacinação infantil contra a Covid-19  

Por Ruben Rosenthal

A principal verdade é que pais e mães precisam estar bem informados para melhor poderem decidir se querem ou não que seus filhos sejam vacinados contra a Covid-19.

Anistia Internacional lucro das farmacêuticas com a vacina da Covid-19 C
Denúncia dos lucros com as vacinas contra a Covid-19. Anistia Internacional.

 A politização da vacinação infantil contra a Covid-19 teve mais um capítulo, desta vez envolvendo membros do Ministério Público. O caso teve início quando 5 defensores públicos de Goiás encaminharam recomendação ao Ministério da Saúde para divulgar que a vacina da Pfizer ainda se encontra na fase experimental, e que pode causar miocardite e periocardite nas crianças.

De fato, a própria Pfizer, através da Wyeth, relata na bula direcionada a pacientes a ocorrência de “casos muito raros de miocardite e periocardite após a vacinação com a Comirnaty”. O documento menciona ainda que o paciente deve ficar alerta após a vacinação para “falta de ar, palpitações e dores no peito”, e que, em caso de manifestação destes sintomas, é necessário atendimento médico. São também apresentadas outras precauções a serem consideradas em relação à vacinação.

O posicionamento dos cinco defensores públicos foi rebatido em nota da Defensoria Nacional e 13 Defensorias Regionais de Direitos Humanos da Defensoria Pública da União. Diz a nota que a vacina da Pfizer já tem registro definitivo e que todas as recomendações necessárias já foram indicadas pela ANVISA.

A nota da DN e DRDH/DPU vai mais além, ao declarar que pelo Estatuto da Criança e do Adolescente “é obrigatória a vacinação de crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias”, e que, portanto, a imunização de crianças na faixa de 5 a 11 anos contra a Covid-19 deve ser compulsória.

O confronto de posições dentro do Ministério Público reflete a polarização mais ampla na sociedade entre negacionistas da vacina e mesmo da própria existência de uma pandemia mortal, e amplos setores que, em nome da ciência, defendem vacinação irrestrita da população. Mas a ciência não oferece uma única resposta sobre a vacinação infantil.

Consta no site do Colégio Real de Pediatria e Saúde da Criança (RCPCH, na sigla em inglês) do Reino Unido: “o Comitê Conjunto em Vacinação e Imunização recomenda que recebam a vacina da Pfizer apenas as crianças na faixa de 5 a 11 anos que tenham elevado risco clínico, ou que tenham contato em suas casas com familiares que sejam imunossuprimidos”.  A vacinação de crianças dessa faixa etária, que não estejam nos grupos acima mencionados, está ainda pendente de decisão futura.

No mesmo documento estão especificadas quais são as situações de alto risco clínico em crianças de 5 a 15 anos, que as tornam alvos prioritários da campanha de vacinação infantil contra a Covid-19 no Reino Unido: doenças respiratórias crônicas, problema renal crônico, problema no fígado ou no sistema digestivo, doença neurológica crônica, desordens endócrinas, imunossupressão por doença ou tratamento, asplenia ou disfunção do baço, anormalidades genéticas sérias que afetem outros sistemas, e gravidez.

A decisão do Comitê do Reino Unido está em linha com a visão do Centro Europeu para Prevenção e Controle de Doenças (ECDC, na sigla em inglês), que, em manifestação de 1 de dezembro de 2021, relatou que foram raros os casos severos de Covid-19 em crianças na faixa de 5 a 11 anos durante o período de prevalência da variante Delta: 0,61% dos casos  demandaram internação, sendo 0,06% em unidades de tratamento intensivo/apoio respiratório.

Segundo o ECDC, a maior parte (78%) das crianças que necessitaram de internações não se enquadravam, no entanto, em situação prévia de elevado risco clínico. No Brasil morreram de Covid, até momento, 324 crianças na faixa de idade de 5 a 11 anos, mas não está acessível a informação de quantas delas estavam em situação de comorbidade.

É possível que outros países estejam adotando procedimentos semelhantes aos do Reino Unido. Na Austrália, onde a vacinação de crianças na faixa de 5 a 11 é voluntária, os responsáveis pela criança devem assinar um termo de consentimento.

Neste termo consta um formulário com 7 perguntas a serem respondidas. Caso pelo menos uma das respostas for SIM, a criança ainda assim poderá receber a vacina, mas antes deverá ser atendida por um especialista em imunização ou cardiologista. Este determinará as precauções necessárias e o momento adequado para a vacinação.

formulário de consentimento AUS
Formulário de consentimento para vacinação contra a Covid-19 de crianças de 5-11 anos, autoridade sanitária da Austrália.

O fato do setor de vacinação e imunização do Reino Unido ter optado por vacinar contra a Covid-19 apenas as crianças de 5 a 11 anos que se enquadrarem nas condições especificadas acima, não significa que a ANVISA esteja equivocada em sua decisão de aprovar a vacinação irrestrita. A instituição brasileira possui um quadro técnico extremamente qualificado e não precisa ficar a reboque da decisão de outros países.

Mas o que não deveria acontecer é a desinformação ou omissão de informações com o intuito de se “fabricar o consenso”. Os documentos emitidos pela ANVISA e pela Pfizer não alcançam a maioria da população, já que a mídia não está cumprindo o seu papel. A principal verdade é que pais e mães precisam estar bem informados para melhor poderem decidir se querem ou não que seus filhos sejam vacinados contra a Covid-19.

A mídia também falha ao não mostrar como a ganância das grandes farmacêuticas (Big Pharma) atropela a Ciência.

Pfizer, quando o passado condena

Em 2016, a organização Médicos Sem Fronteiras denunciou que a Pfizer fez uma campanha publicitária enganosa em Londres, para tentar influenciar os parlamentares britânicos de que os investimentos necessários em pesquisa e desenvolvimento para se produzir um novo medicamento alcançavam a cifra de 1 bilhão de libras esterlinas (atualmente equivalente a 7,6 bilhões de reais). Segundo o MSF o objetivo real da campanha era o de justificar os elevados preços dos medicamentos.

Más práticas nos testes da vacina da Pfizer

Os testes para verificar a eficácia e a segurança da vacina contra a Covid-19 produzida pela Pfizer foram conduzidos por uma contratada que cometeu  várias irregularidades no decorrer da pesquisa, segundo artigo publicado no British Medical Journal, em 2 de novembro de 2021.

A empresa Ventavia Research Group, que fora contratada pela Pfizer para conduzir os testes da vacina contra a Covid-19, teria cometido diversas irregularidades nos procedimentos adotados, que podem ter comprometido a integridade dos dados obtidos. Dentre estas se incluem desvios do protocolo, armazenamento das vacinas em temperaturas impróprias e erros na rotulagem das amostras.

Segundo a ex-diretora regional da Ventavia, Brook Jackson, a empresa falsificou dados, expôs a identidade de pacientes em testes que requerem anonimato, e contratou  pessoal sem qualificação para aplicar as vacinas. A então diretora enviou um e.mail à FDA em 25 de setembro de 2020, para avisar das práticas indevidas cometidas pela Ventavia. Brook Jackson foi demitida no mesmo dia em que fez a denúncia.

Em 10 de dezembro de 2020, a Pfizer encaminhou a solicitação de uso emergencial de sua vacina (para adultos) ao comitê da FDA, sem mencionar as falhas da Ventavia.  A farmacêutica voltou a contratar a Ventavia para testar as vacinas da Covid-19 para crianças, jovens adultos e mulheres grávidas.

Facebook blinda Pfizer de críticas

Em novembro de 2021 os editores do British Medical Journal enviaram uma carta aberta a Mark Zuckerberg, do Facebook, protestando que o artigo contendo o artigo contendo a denúncia sobre a Ventavia estava sendo tratado como Fake News pela agência terceirizada Lead Stories, que presta serviços ao Facebook. Desta forma o compartilhamento do artigo foi dificultado, o que na prática protegeu a Pfizer de críticas.

Sars-CoV-2, um vírus que veio para ficar

Enquanto a variante ômicron se espalha pelo mundo, foi detectada no sul da França uma nova variante do coronavírus, que foi denominada de IHU. A provável origem teria sido no Camarões, na África Central. No continente africano apenas 6,6% da população havia sido vacinada até o final de novembro de 2021.

Segundo declarou a BBC News,  Ayoade Olatunbosun-Alakija, porta-voz da Aliança Africana para a Distribuição de Vacinas, o “surgimento da variante (ômicron) foi inevitável. Isso ocorreu devido à falta de vacinação e ao acúmulo de vacinas pelos países desenvolvidos”.

Assim, parece que estamos fadados a conviver com por um longo tempo com novas cepas da Covid-19. Mesmo sendo mais fracas em comparação com a Delta, elas poderão continuar a causar mortes, problemas de saúde e afastamento do trabalho, afetando assim a economia de diversos países.

Enquanto isso, BIG Pharma continuará a auferir lucros com as vacinas e medicamentos contra a Covid-19. A empresa Pfizer lucrou 36 bilhões de dólares em 2021, apenas com sua vacina para a Covid-19. E poderá vir a superar este valor em 2022.

O autor é professor aposentado da UENF e responsável pelo blogue Chacoalhando.